A pele que me cobre

A cruel verdade sobre a origem da bela idumentária de frio. O custo da elegância é o tema da estréia do quadro 'O que eles não te disseram'.

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terça-feira, 27 de março de 2012

A pele que me cobre


Quadro- o que eles não te disseram


I
A pele que me cobre

       Há qualquer coisa sobre a indumentária de frio que deixa quem a veste mais elegante. O brilho do traje, combinado à textura e o volume. Pessoas vislumbram-se todos os dias perante as vitrines das lojas onde casacos, botas e chapéus de pele genuína são exibidos às ruas. E por um preço módico é possível obtê-los. Porém talvez, sob o olhar de alguém com mais tato, corra a pergunta de como aquela peça veio parar naquele lugar, o processo de sua confecção. A verdade oculta atrás da beleza e do luxo. O que eles não te disseram.



Do hábito à moda

       A moda de confeccionar roupas que utilizam peles de animais como matéria-prima data do século XIX, quando os trajes normais tornaram-se insuficientes para revestir os corpos da realeza, ainda mais com a chegada do inverno europeu. Essas novas roupas, mais elegantes, combinavam com o estilo dos tecidos nobres utilizados naquele tempo e eram desfilados sobre os ombros evidenciando grande pompa. Foi entretanto no século XX que o hábito se alastrou. Várias espécies animais passaram a ser cobiçadas e caçadas pela beleza de sua pele, algumas até a quase extinção. Eram lebres, raposas, martas, chinchilas, visons. Com o passar do tempo as focas, linces, texugos entre outros animais acabaram por entrar nessa macabra lista. Atualmente na China, um dos países mais cruéis em relação a isso, as indústrias de peles utilizam até gatos e cachorros na confecção de vestimentas. O processo de fabricação é desumano, às vezes feito com o animal ainda vivo. Só na França são abatidos anualmente 70 milhões de coelhos para este fim. Felizmente a crítica é fervorosa quanto à isso, pondo na mesa a questão da desnecessidade da indumentária autêntica de pele de animais, sendo as de fibra sintética perfeitamente substituíveis pelas anteriormente citadas. As torturas aplicadas aos animais são excruciantes e começam logo na sua captura, onde eles penam nas mãos dos caçadores. Algumas espécies são mortas na hora mesmo, como a foca ainda jovem, assassinada a pauladas para não danificar a pelagem. Bebês são chacinados nesse processo que acaba por deixar rastros imensos de sangue, tingindo a neve branca. Outra forma é a implantação de armadilhas. São elas submersas em água ou, as mais conhecidas, chamadas de legholders, armadas em solo aberto, desdobradas e abertas, para quando o animal por ali passar ficar preso. O engenho de metal se fecha automaticamente sobre a pata da criatura esmagando e muitas vezes lacerando a carne e os ossos. Tem início então a dramática tentativa da pobre criatura para se libertar. Mães desesperadas para retornar aos seus filhotes chegam ao extremo ao tentar livrar-se de seus membros agora obsoletos, descartando-os, rasgando-os fora com as próprias unhas e dentes. Horas são gastas banhadas em desespero até que o animal morra de exaustão. Se eles não forem mortos dessa forma, provavelmente o serão por caçadores ou predadores que se aproveitam do estado de fraqueza do animal. As vítimas das armadilhas aquáticas, como os castores, levam em torno de vinte minutos para sucumbiram e se afogar. Para evitar a predação, costuma-se utilizar as armadilhas suspensas que se assemelham as primeiras citadas na forma de captura, diferenciando-se apenas por erguer os infelizes animais pelas patas a uma certa altura do solo, para ali esperarem para ser coletados pelos caçadores. 

 

Bem-vindo ao show de horrores

       Você já se perguntou como é feita a extração das peles dos animais capturados? E mesmo se não tenha feito essa pergunta a si mesmo, há alguma dúvida que não seja um método menos doloroso dos que os descritos ao longo desse texto? Os animais são muitas vezes presos em gaiolas apertadas, em casos superlotadas, onde são maltratados, subsistindo em péssimas condições de higiene e alimentação. Alguns adotam o hábito de caminhar incessantemente de um lado para o outro na cela, ou até mesmo de se chocarem contra as grades da mesma, tudo devido ao imenso estresse a que são submetidos.

       Abaixo duas formas de abate de animais criados em cativeiro para o posterior uso de sua pele:

Profissional
1. Nas fazendas de criação de chinchilas, faz-se um pequeno corte no lábio inferior do animal e outro próximo ao órgão genital;
2. Em seguida, é introduzida uma vareta de ferro de um ponto a outro. Ela funciona como um suporte guia para o corte;
3. Com um bisturi, se desprega a pele do animal, evitando danificá-la. Quanto mais intacto o couro, maior o seu valor de mercado.
Amador
1. Nos modos mais cruéis, como rola em alguns locais da China, o animal é morto a pauladas e suas patas são decepadas;
2. O bicho então é dependurado pelo coto da pata, e seu couro é extraído a partir desse ponto com a ajuda de uma faca;
3. A pele é puxada com força, como se fosse tirada ao avesso. Em muitos casos, o animal ainda está vivo durante esse processo;
4. Uma vez retirada, a pele é presa com alfinetes ou pregos numa tábua, onde ficará por alguns dias no processo de secagem. Nessa etapa, ela ganha forma definitiva e não vai mais encolher nem sofrer deformações;
5. O passo seguinte é o curtimento da pele. Num curtume, ela passa por banhos químicos para retirada de sujeiras, cheiro e gordura, evitando que apodreça mais tarde. Ela também pode ser tingida;
6. Após o curtimento, as peles vão para as confecções, onde são costuradas umas nas outras até tomarem a forma de um casaco. No acabamento, é aplicado um forro, em geral de cetim, na parte interna.




       Abaixo uma lista de quantos animais são necessários para se fazer apenas um (01) casaco médio (até o joelho):

. 200 chinchilas
. 125 arminhos
. 50-70 martas
. 30 ratos-almiscarados
. 30 coelhos
. 27 guaxinins
. 17 texugos
. 16 coiotes
. 14 lontras
. 11 linces
. 9 castores

Ring the alarm – She gon' be rockin' chinchilla coats

      E afinal o que há de tão especial sobre as chinchilas para que o casaco de sua pele seja o mais cobiçado no mundo todo?Aqui vai a resposta: estudiosos e apreciadores afirmam que a pele de chinchila não é a mais cara do mundo, porém o casaco feito dela o é. Uma pele de chinchila de altíssimo padrão (graúda, pelos longos sem falhas, muito pretos no dorso e brancos na barriga) vale 80 dólares nos Estados Unidos. Uma pele do afamado visom é 25% mais cara. A diferença é que são necessárias cerca de 200 chinchilas minimamente parecidas para que o casaco possa ficar uniforme e satisfazer o luxo da madame. Um casaco de visom é tido como artigo de classe média pelos estilistas menos modestos. Se ele carregar o nome de algum artista famoso, pode valer algo em torno de US$ 15 mil. Mas não a chinchila, a beldade das peles. Essa corre pelos US$ 70 mil, valor estimado devido ao aperfeiçoamento dos criadores e estilistas com mania de exclusividade. 

 

A crítica – aqui está o resto do seu casaco de pele

       A questão levantada pelos que não gostam dessa postura é o fato de matar o animal apenas para uso estético, que é o que diferencia, por exemplo, do sacrifício de bois, porcos, carneiros, animais de corte em geral, cujo assassínio ocorre em locais específicos denominados matadouros, para fins instintivos de consumo humano, visto que esses animais há muito integram o nosso cardápio de uma forma latente. O uso de sua pele seria apenas uma consequência. Matar raposas para o mesmo fim é algo completamente à parte. Estaria no mesmo patamar da matança de elefantes feita na África apenas para a extração do marfim.


       Há sim várias respostas ativas contra esses atos de barbaridade, como os ativistas da International Anti-Fur Coalition (IAFC), ou Coalizão Antipele Internacional, uma ONG israelense que pretende extinguir o hábito do sacrifício animal visando o benefício estético. Eles afirmam que, de longe, os chineses são os mais cruéis em relação ao caso, esfolando os animais ainda vivos e se valendo inclusive, de cães e gatos para confeccionar brinquedos de pelúcia. "Usar casaco de pele animal em pleno século 21, com o tanto de tecnologia que temos disponível para a criação de tecidos sintéticos, é uma atitude imoral", diz o sr. Fábio Paiva, da ONG Holocausto Animal, braço verde-amarelo da IAFC. "Essa conversa de que os animais criados em cativeiro para esse fim não sofrem é balela. Animais não são propriedade do ser humano. Apropriar-se indevidamente deles e matá-los já é sinônimo de sofrimento. Não importa se é indolor ou não, morte é morte. E matar bicho para preencher sei lá que tipo de vazio existencial de alguém não é coisa que se faça."


  



Na próxima postagem-
       Ela esteve onde nenhum animal de sua época esteve, foi aclamada mundialmente recebendo inclusive estátuas em seu nome. Mas a inovação lhe custou muito mais do que fama. A verdade sobre a sede incontrolável por ciência. O melhor amigo do homem nunca foi tão útil. O que eles não te disseram.


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